Num
período em que todos fomos forçados a alterar os nossos hábitos de vida e
relacionamento social presencial, mais sentido faz o nosso hobby, afinal, a
primeira rede social (como agora se chamam!) que existiu.
Muito
antes da Internet que permitiu o surgimento das redes sociais, tipo Facebook,
Instagram, Telegram e muitas outras, já os radioamadores faziam uso dos seus
equipamentos de rádio ao princípio, construídos por eles próprios, em
entreajuda e partilha de conhecimentos, para se comunicarem entre si.
Desde
1924, quando Abilio Nunes dos Santos Jr (CT1AA) foi aos EUA comprar o seu
primeiro emissor, seguido em 1927 pelo António
Neves da Costa (CT1CZ) de Coimbra ((alguns ainda se lembrarão, do “Neves dos
vidros” (ele mesmo!) dono daquela casa de discos no 2º andar da rua Visconde da
Luz por cima do Banco Lisboa & Açores)), que o RADIOAMADORISMO permitiu a
comunicação “online” (permitam-me) entre os vários praticantes dos mais variados
recantos do Mundo.
Somos
pois, uns privilegiados!
Primeiro
porque cultivamos o gosto pelo conhecimento das coisas da rádio que, ao contrário
do que alguns, menos informados, pensam continua a ser fundamental para o
funcionamento dos equipamentos mais modernos que a humanidade usa. Lembremo-nos
que a ligação do nosso telemóvel à rede
telefónica, é feita por rádio (!) até à torre mais próxima; sem “rádio” não haveria
TV (transmissão de imagem à distância); por “rádio” controlamos desde o portão da nossa garagem aos milhares de satélites
que, nas várias áreas, facilitam a nossa vida; como nos poderíamos comunicar
com a Estação Espacial, os barcos e os aviões entre si e com as torres, ...
Em
suma, tudo o que necessita de comunicação à distância usa “rádio”! Sim, o mesmo
sistema de “rádio” usado pelo Engenhocas no Pátio das Cantigas ou, se quiserem,
o mesmo “rádio” que permitiu ao radiotelegrafista do Titanic, na noite de 14 de
Abril de 1912, transmitir um pedido de socorro que evitou a morte de cerca de 900 pessoas.
Quem
nasceu nos últimos trinta anos, que não se iluda, estes meios de que hoje
usamos (e abusamos!) e que facilitam (quase) tudo na nossa vida, nem sempre
existiram. Este escriba, em 1975, a cumprir o serviço militar em S. Vicente/Cabo Verde (D4) para falar com a XYL escrevia-lhe uma carta, que demorava 12 dias a chegar , a marcar o telefonema. No dia aprazado, dirigia-se ao posto dos correios e via-rádio (prima para falar, largue para ouvir!) falava com a operadora no Sal e em Lisboa que, metendo a cavilha ligava à rede telefónica nacional e, na escuta, dizia: "podem falar"!
Isto
tudo, para deixar aqui um... apelo: sobretudo nestes tempos de confinamento, não
vamos deixar cair a maior e mais antiga rede social da humanidade, o
RADIOAMADORISMO, que tantas alegrias nos tem dado.
Vamos
ao shack, ligue o rádio e diga ao Mundo: “Radioamador ... ... presente!”
Não
temos “likes”, dê mesmo uma gargalhada ou escreva “Hi! Hi!”.
Fiquem
bem (em casa se puderem).
José Machado - CT1BAT
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