Num
período em que todos fomos forçados a alterar os nossos hábitos de vida e
relacionamento social presencial, mais sentido faz o nosso hobby, afinal, a
primeira rede social (como agora se chamam!) que existiu.
Muito
antes da Internet que permitiu o surgimento das redes sociais, tipo Facebook,
Instagram, Telegram e muitas outras, já os radioamadores faziam uso dos seus
equipamentos de rádio ao princípio, construídos por eles próprios, em
entreajuda e partilha de conhecimentos, para se comunicarem entre si.
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Somos
pois, uns privilegiados!
Primeiro
porque cultivamos o gosto pelo conhecimento das coisas da rádio que, ao contrário
do que alguns, menos informados, pensam continua a ser fundamental para o
funcionamento dos equipamentos mais modernos que a humanidade usa. Lembremo-nos
que a ligação do nosso telemóvel à rede
telefónica, é feita por rádio (!) até à torre mais próxima; sem “rádio” não haveria
TV (transmissão de imagem à distância); por “rádio” controlamos desde o portão da nossa garagem aos milhares de satélites
que, nas várias áreas, facilitam a nossa vida; como nos poderíamos comunicar
com a Estação Espacial, os barcos e os aviões entre si e com as torres, ...
Em
suma, tudo o que necessita de comunicação à distância usa “rádio”! Sim, o mesmo
sistema de “rádio” usado pelo Engenhocas no Pátio das Cantigas ou, se quiserem,
o mesmo “rádio” que permitiu ao radiotelegrafista do Titanic, na noite de 14 de
Abril de 1912, transmitir um pedido de socorro que evitou a morte de cerca de 900 pessoas.
Quem
nasceu nos últimos trinta anos, que não se iluda, estes meios de que hoje
usamos (e abusamos!) e que facilitam (quase) tudo na nossa vida, nem sempre
existiram. Este escriba, em 1975, a cumprir o serviço militar em S. Vicente/Cabo Verde (D4) para falar com a XYL escrevia-lhe uma carta, que demorava 12 dias a chegar , a marcar o telefonema. No dia aprazado, dirigia-se ao posto dos correios e via-rádio (prima para falar, largue para ouvir!) falava com a operadora no Sal e em Lisboa que, metendo a cavilha ligava à rede telefónica nacional e, na escuta, dizia: "podem falar"!
Isto
tudo, para deixar aqui um... apelo: sobretudo nestes tempos de confinamento, não
vamos deixar cair a maior e mais antiga rede social da humanidade, o
RADIOAMADORISMO, que tantas alegrias nos tem dado.
Vamos
ao shack, ligue o rádio e diga ao Mundo: “Radioamador ... ... presente!”
Não
temos “likes”, dê mesmo uma gargalhada ou escreva “Hi! Hi!”.
Fiquem
bem (em casa se puderem).
José Machado - CT1BAT