Pelo seu valor e
atualidade reproduzo, com a devida vénia ao seu presidente Sam- EA3CIW, o
excelente texto e citação de Jorge Bucay, publicado na página da FEDI-EA -
Federação Espanhola de Associações de Radioamadores
http://www.fediea.org/news/?news=20160615
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Monopoly? que monopólio?
"Unidos na
diversidade", a divisa da União Europeia, mais do que o reflexo de uma
realidade continental, é o slogan de uma campanha, uma aspiração coletiva de um
desejo compartilhado.
No entanto, há muitos dos nossos compatriotas, mesmo colegas radioamadores, que
anseiam por um exclusivo cada vez mais difícil de defender e sustentar algo,
que lhes permita manter o controle e o poder que tiveram em tempos, marginalizando
o resto.
Mesmo aqueles que querem construir um novo país, não parecem andar muito
abonados de imaginação suficiente, pois, além de reproduzirem os vícios
antigos, não trazem qualquer proposta inovadora.
Os argumentos para
atrair seguidores para a causa, que vão desde o banal "a união faz a
força" de alguns, a teoria do "interlocutor único" dos outros,
usam a traição, o pau na roda, a desqualificação bruta e a crítica atroz do que
é diferente, isto é, o oposto de uma concorrência saudável.
E nesta “alternância” ("quítate tú pa' ponerme yo"), em que a
colaboração e aliança são palavras que parecem não ter lugar no seu dicionário,
a não ser os conceitos subjacentes de subordinação e / ou de conformidade.
Talvez nós sejamos apenas um mero reflexo da nossa própria sociedade, como é a
actual fragmentação da política espanhola e necessitemos, aumentar urgentemente
a nossa cultura de aliança. Uma lição a descobrir para muitos.
Enquanto isso, com tanto abuso e atitude que favorece todos os valores e o
futuro do radioamadorismo, surpreende que ainda exista quem perguntam porque
não aderir à corrente.
São assim as coisas aqui; porque a nível internacional, lenta e subtilmente, se
vai desvanecendo o papel do antigo "monopólio"...
Referimo-nos especificamente à IARU e como o nome está gradualmente
desaparecendo das várias referências dentro da CEPT, dando lugar a uma
referência mais etérea: "organizações internacionais representativas dos
titulares de licenças do serviço de radioamador."
Tudo isso, pelo simples facto de aparecer em cena a EURAO, a quem deve ser
reconhecido e aos seus promotores, a ousadia, visão de futuro e grande
determinação para superar aquela aparente dificuldade.
Mas não nos enganemos,
a IARU, com um orçamento mais de cem vezes maior do que o da EURAO, tem uma
capacidade não negligenciável, de influenciar, em muitas decisões que nos
afetam, mesmo por ser capaz de pagar as suas viagens para a participação em
múltiplas reuniões que se realizam em todo o mundo.
A nivel nacional
(Espanha), a pressão tem vindo a exercer-se e a FEDI-EA também sofreu as
consequências. Para dar um exemplo significativo, lembre-se que no
processamento do Regulamento de Radioamador de 2006 a Administração apenas facilitou
o projecto à URE, enquanto que o Regulamento de 2013, passou antes por um
processo de consulta pública em duas fases.
Em honra daqueles que
têm fé em si mesmos, dos que “vestem a camisola”, que acreditam que
"querer é poder" e do seu esforço colossal, hoje deixamos esta
parábola ilustrativa de Jorge Bucay: O elefante acorrentado.
O elefante acorrentado
Quando eu era pequeno
adorava circos e o que eu mais gostava neles eram os animais. Especialmente
chamava-me a atenção o elefante que, como descobri mais tarde, também foi
animal favorito de outras crianças. Durante a atuação, o enorme animal
ostentava um tamanho, um peso e uma força enorme ... Mas depois da atuação e
antes de voltar para o palco, o elefante sempre permanecia amarrado a uma pequena
estaca no chão, com uma corrente que lhe aprisionava as pernas.
No entanto, a estaca
era apenas um pequeno pedaço de madeira enterrada a poucos centímetros no solo.
E embora a madeira fosse grossa e poderosa, parecia óbvio que um animal capaz
de arrancar uma árvore com a sua força, facilmente se poderia libertar e fugir.
O mistério permanecia.
O que o prende então? Por que não foge?
Quando criança, eu
ainda confiava na sabedoria dos mais velhos. Então eu perguntei sobre o
mistério do elefante ... Alguns deles me diziam que o elefante não fugia porque
estava domesticado.
Então eu fiz a
pergunta óbvia: "Se está domesticado, porque o acorrentam?". Não me
lembro de ter recebido qualquer resposta coerente.
Com o tempo, eu
esqueci o mistério do elefante e da estaca ...
Alguns anos atrás, eu
descobri que, felizmente para mim, alguém tinha sido sábio o suficiente para
encontrar a resposta: "O elefante do circo não fugia porque ele tem sido
amarrado a uma estaca, desde muito pequeno. "
Fechei os olhos e
imaginei o indefeso elefante, recém-nascido, preso a uma estaca. Estou certo de
que, naquele momento, o pequeno elefante teria empurrado, puxado e suado
tentando soltar-se. E, apesar de seus esforços, ele não conseguia, porque a
estaca era demasiado forte para ele. Imagino que ele tenha adormecido exausto e
no dia seguinte tentasse novamente, e no dia seguinte e no outro ... até que um
dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou sua impotência e se
resignou ao seu destino.
Este elefante enorme e
poderoso que vemos no circo não escapa porque acredita que não pode.
Ele gravou na sua
memória a impotência que sentiu logo após o nascimento. E o pior é que jamais
voltou a questionar, sériamente, essa memória. Nunca tentou, novamente, testar
a sua força.
Estamos todos um pouco
como o elefante do circo: Estamos no mundo amarrados a centenas de estacas que
nos tolhem a liberdade.
Vivemos pensando que
"não podemos" fazer muitas coisas, só porque uma vez, há muito tempo,
nós tentamos e não teve êxito. Fazemos o mesmo que o elefante e registámos, na
nossa memória, esta mensagem: Eu não pude, não posso e nunca será capaz de o
fazer.
Temos crescido
carregando esta mensagem que nos imposémos a nós mesmos e nunca mais voltámos a
tentar libertar-nos da estaca.
Quando, às vezes,
sentimos que soam grilhões e correntes, olhamos de soslaio para a estaca e
pensamos: "Eu não posso e nunca serei capaz".
Isto é o que acontece
quando se vive condicionado por uma memória que já não existe em ti, não podes.
A única maneira de
saberes se podes é tentar de novo pondo na tarefa todo o teu empenho...
"Todo o teu coração !!!
Jorge Bucay